No âmbito da comemoração do Dia Nacional da Língua Gestual Portuguesa – 15 de novembro, a Associação de Surdos de Évora promoveu, no passado dia 12 de novembro, um Workshop “Sensibilização para Língua Gestual Portuguesa e Comunidade Surda”, dirigido aos consultores da imobiliária UNO DIPO Évora, em resposta à preocupação manifestada por Pedro Oliveira, diretor da agência imobiliária, face às dificuldades observadas no acesso à comunicação, por parte das pessoas surdas, nos diferentes serviços públicos e privados.
No final do Workshop, Pedro Oliveira, diretor da agência imobiliária, atestou, de forma emocionada que “desconhecia a dimensão das dificuldades de comunicação enfrentadas pela comunidade surda, reconhecendo a importância da luta pela acessibilidade na comunicação com as Pessoas surdas, através da sua língua materna, a Língua Gestual Portuguesa”. Pedro Oliveira está certo que a Língua Gestual Portuguesa é um direito e não apenas uma opção!
Recorda-se que no dia 15 de novembro de 1995 foi fundada uma comissão de trabalho para o reconhecimento da Língua Gestual Portuguesa, vindo esta língua a ser reconhecida na Constituição da República Portuguesa, no artigo 74.º, alínea 2) h): (“Proteger e valorizar a Língua Gestual Portuguesa como expressão cultural e instrumento de acesso à Educação e à igualdade de oportunidades”), no dia 20 de setembro de 1997.
Após 27 anos do reconhecimento da Língua Gestual Portuguesa e apesar de a idealização de diversas políticas de inclusão e de acessibilidade, a sociedade continua a impor barreiras de comunicação à comunidade surda, restringindo-lhes o acesso aos mais elementares direitos humanos, como por exemplo, o direito à saúde.
A Associação de Surdos de Évora acredita que é necessário e urgente criar políticas de respeito e de promoção pela dignidade da pessoa surda e pela sua língua materna – a Língua Gestual Portuguesa. O alerta à sociedade, por via de iniciativas de sensibilização, é imperativo para o alcançar de uma sociedade mais informada, mais justa e mais igualitária.
Proporcionar e garantir a acessibilidade na comunicação à pessoa surda, não é um ato de caridade! É antes, a garantia de uma necessidade e o cumprimento de um direito natural da comunidade surda!
Elsa Martins
Intérprete de LGP
Membro da Direção da ASE